quarta-feira, 12 de março de 2008

O amor da lua

Visto o vestido branco

imaculado

rodo sobre mim mesma

encantada

ponho o véu

bordado em linha de cetim

e sonho acordada....

apertada

sinto as linhas que me apertam

impedindo-me de sonhar

vejo-me numa ponte sem fim

sobre um rio turvo

onde nem os peixes sobrevivem

tento tirar este vestido

agora sujo e desbotado

rodo sobre mim mesma

chocada

meu ramo de rosas vermelhas

de negrume são invadidas

dele saem serpente

que para minhas mãos se encaminham

atormentada

atiro o ramo

que ao cair nestas águas turvas

reaviva a sua cor

as águas agora cristalinas

calmas me encantam

do ramo

sai uma aranha

grito

quanto mais grito maior é a sua teia

teia que me acode

e impede de cair

então teu rosto vejo no céu

entendo

amas-me à tua maneira

só não preciso do véu