quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Porquê?

Porquê?

Porque me olhas

se meus olhos não queres ver,

se meu coração não queres partir,

se meu cheiro não queres sentir?

Olhas-me por pena?

Olhas-me por caridade?

Não sebes que meu coração,

rebenta de tanto bater?

Bate descompassado,

desalinhando todos os meus movimentos.

Eu tento parar esta fúria

eu grito a mim mesma

eu fecho os olhos para que estes não te olhem,

mas a tua luz ilumina-os mesmo no escuro.

E embriagada

pela ausência do teu contacto

caminho

desalinhada

na tua direcção.

Mas sinto que me olhas só por olhar.

Porque não me recebes quando para ti caminho?

Será por seguir desalinhada?

Será que te assustas,

com a minha embriaguêz?

Porque não páras de me olhar assim?

Será que não entendes que assim tenho esperança

que desças um dia desse teu pedestral

e que teus braços abras

para me segurar

e que teus olhos feches

para me beijar

e que ao teu peito me aconchegues

só para me embalar.

Vou vivendo assim

com um aperto no coração

de esperança atormentado!

Vou fazendo esta pergunta:

Porque me olhas apenas?

Porquê?



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